Por iniciativa da vereadora Sibele Nery (PT), a Câmara Municipal de Itapetinga realizou uma audiência pública com o tema “Agricultura Familiar e Alimentação Saudável” na manhã desta terça-feira (3).
Participaram da mesa de debates Adroaldo Almeida, que é chefe do Escritório Territorial da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) de Itapetinga e do Serviço Territorial de Apoio à Agricultura Familiar (Setaf) do Médio Sudoeste; a nutricionista do Núcleo Territorial de Educação (NTE-08) Aretha Pires; as professoras do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, campus de Itapetinga, Emile Suzy da Paz e Patrícia Santos; o representante da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Agricultura, Adler carvalho; a secretária agrária nacional do Partido dos Trabalhadores, Elisângela Araújo; o professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) Wesley Amaral; o presidente da Associação dos Horticultores de Itapetinga, Antônio Olegário; a presidente da Associação dos Pequenos Agricultores de Itapetinga, Juscileide Novais; o vice-presidente da Associação Comunitária e Agrícola da Nova Itapetinga (Ascoani), Martin Souto; o presidente da Agrovila Catolé Associação dos Agricultores Rurais de Itapetinga, Daniel Cirino; o presidente da Associação dos Piscicultores e Agricultores de Itapetinga, Nivaldo Alves; o diretor do NTE-08, Alécio Chaves; e a assessora parlamentar do deputado estadual Rosemberg Pinto (PT), Francine Martins.
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Ao justificar a realização da audiência pública, a vereadora Sibele Nery destacou que o fomento à agricultura familiar no município deve passar pelo acesso aos insumos e equipamentos. “A Prefeitura deve viabilizar patrulhas agrícolas com tratores e implementos que devem percorrer os assentamentos do município e da região. Também deve deixar à disposição dos agricultores locais uma equipe de agrônomos e técnicos para orientar todo processo de plantio, colheita, armazenamento e comercialização dos produtos”, explicou.
A parlamentar assegurou que seu mandato estará sempre à disposição dos pequenos agricultores e, além disso, esclareceu que o evento também tem como objetivo abordar a vinculação do tema agricultura familiar com a alimentação saudável.
Adroaldo Almeida falou sobre a importância da agricultura familiar e como se deu o fortalecimento do segmento no país e no estado da Bahia, apontando como funcionam os órgãos do governo que apoiam o crescimento do setor. “Em Itapetinga, nós temos acesso a crédito, assistência técnica e regularização fundiária”, informou. Na parte da noite o deputado estadual Rosemberg Pinto esteve presente ao evento, juntamente com presidente do PT local, André Dantas.
A nutricionista do NTE-08 Aretha Pires comentou sobre a importância da alimentação adequada e saudável e sua relação com a agricultura familiar. Ela lembrou que a alimentação é um direito constitucional. De acordo com a nutricionista, além do acesso regular ao alimento em quantidade e qualidade suficiente, a questão perpassa também pelo desenvolvimento sustentável e manutenção da tradição cultural e alimentar da região. “Eu não vejo, hoje como profissional e cidadã, a manutenção da tradição cultural sem a valorização do agricultor familiar”, ponderou.
Representando a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Agricultura, o zootecnista Adler Carvalho, que é Doutor em Produção de Ruminantes, chamou a atenção para o empreendedorismo na agricultura familiar. “Os agricultores familiares são guerreiros. Sabe-se que o empreendedorismo no Brasil é difícil, mas é difícil para aqueles que desistem. Aqueles que persistem, permanecem, procuram alternativas, esses, sim, vão crescer no seu tempo e diante daquelas oportunidades que lhe são concedidas e também criadas”, afirmou. Adler Carvalho disse que a Secretaria de Agricultura continua à disposição de todos os agricultores familiares e também da comunidade dentro das suas atividades de orientação técnica e apoio ao empreendedorismo.
A professora do IF Baiano Emile Suze Santos, que é agrônoma, salientou que a agricultura familiar passa pela questão da segurança alimentar. Outro ponto elencado pela docente foi o desenvolvimento local. “Uma agricultura familiar forte fortalece a economia daquele município em que ela está inserida e reverbera também para o país. Um país com uma agricultura familiar forte tem sim uma economia forte”, avaliou.
Patrícia Santos, que também é professora do IF Baiano, ressaltou que falar sobre essa temática é algo que ela vem construindo desde a sua formação acadêmica e que ainda hoje se trata de uma luta. A educadora citou que é preciso superar mitos e mudar a consciência relacionada ao tema, lembrando que cerca de 70% da comida que chega às mesas das nossas casas é proveniente da agricultura familiar. Nesse sentido, é necessário defender a produção de alimento com qualidade e saudável.
Representando a Uesb, o professor Wesley Amaral abordou a questão da soberania alimentar. Para ele, diante da realidade atual, os representantes das associações ligadas à agricultura familiar podem ser considerados agentes da esperança.
“É inadmissível que uma cidade de médio porte, a capital do médio sudoeste, não seja responsável, por exemplo, pela produção das hortaliças que serão consumidas no seu município”, analisou. Segundo o professor, isso tem que acontecer como forma de fomentar o trabalho, gerar emprego e possibilitar a produção de alimentos sem agrotóxicos, promovendo mais qualidade de vida, saúde pessoal e socioeconômica.
Elisângela Araújo, secretária agrária nacional do Partido dos Trabalhadores, informou que o Brasil tem 5 milhões de estabelecimentos agropecuários, que ocupam cerca de 41% da área total do país. Desse total de estabelecimentos agropecuários, 4.367.902 são da agricultura familiar.
Ao mencionar outros dados do Censo Agropecuário, Elisângela afirmou que a Bahia é o maior estado em estabelecimentos e unidades produtivas da agricultura familiar no Brasil e o nordeste brasileiro concentra a maior população da agricultura familiar.
Elisângela pontuou ainda que a agricultura familiar é um modo de vida presente nos 417 municípios da Bahia. Por outro lado, criticou o grande modelo de produção que não tem preocupação com a preservação e conservação do meio ambiente, mas sim com o lucro. “É um sistema, uma forma de produzir que não pensa na vida humana nem no cuidar do meio ambiente, do planeta, da terra, da água e da vida da nossa biodiversidade”, asseverou.
Vereadores, representantes de entidades e o público presente tiveram a oportunidade de usar a palavra e falar sobre a importância da agricultura familiar e da alimentação saudável.
A plateia contou com a presença de agricultores, estudantes do IF Baiano, representantes de entidades sindicais, partidos políticos e outras instituições que apoiam o fortalecimento da agricultura familiar. Confira o vídeo no LINK
Texto: Ascom da Câmara