O PT ainda detém a presidência da República, conquistada por Lula contra um desgastado Jair Bolsonaro em 2022, mas vem perdendo espaço para dois outros partidos de esquerda, um moderado e outro radical.
Duas reportagens recentes da Folha de S.Paulo indicam que PSB e PSOL se apresentam como ameaças à hegemonia do PT, que demonstrou fraqueza nas eleições municipais apesar de supostamente estar cercado de aliados reunidos na alegada “frente ampla” da eleição presidencial.
O PSB foi o partido de esquerda que mais elegeu prefeitos neste ano, 312, contra 252 petistas.
A legenda disputou a Prefeitura de São Paulo com a deputada federal Tabata Amaral (SP), enquanto o PT entregou a cabeça de chapa ao deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), por acordo prévio para a candidatura derrotada de Fernando Haddad ao governo de São Paulo em 2022.
Mais pobres
Reportagem da Folha mostra que o PT perdeu parte considerável de seu eleitorado mais pobre na capital paulista. A análise leva em conta as votações para a Câmara Municipal em regiões de rendimento médio mensal de até 1.407 reais por pessoa.
“Enquanto em 2012 o PT detinha, em média, 29,1% dos votos válidos para vereadores nessas áreas, nas eleições de outubro deste ano o partido chegou a 18,3%, queda de quase 11 pontos percentuais”, diz o jornal.
Esses votos foram, em parte, para candidatos ligados aos evangélicos; e, à esquerda, para o PSOL.
O partido de Guilherme Boulos cresceu em todas as faixas, especialmente na de alta renda (11 pontos percentuais desde 2012). Nos setores mais pobres, o partido foi de 2,2% de média de votos válidos para 8,2%”, diz a Folha.
Novas lideranças
A explicação para a perda de espaço pode estar na dificuldade para renovação no PT, um partido que vive à sombra de Lula há pelo menos uma década.
Acho que na esquerda há uma carência grande de novas lideranças, enquanto prolifera na extrema direita figuras expressivas”, disse à Folha Carlos Siqueira, presidente do PSB que se prepara para passar o comando do partido para João Campos, prefeito reeleito do Recife.
Mesmo diante desse quadro, o PT insistem em dizer que “sai maior de 2024”. A miopia política pode custar caro.