Daniel Cravinhos, de 36 anos, busca um recomeço, uma nova vida e pretende tentar reconstruir a reputação perdida depois de cometer um crime brutal. Um dos condenados por planejar e matar o casal Marisia e Manfred von Richthofen, junto com o irmão Cristian e a ex-namorada Suzane, ele deixou a Penitenciária II de Tremembé às 16h35 do dia 16 de janeiro.
Seu objetivo, agora que pagou parte de sua pena judicial, é formar uma família e ser uma pessoa comum, anônima, que trabalha e circula tranquilamente pelas ruas. Prova de que ele quer deixar o passado para trás é que uma de suas primeiras decisões foi mudar de nome. Casado com a biomédica Alyne Bento desde 2014, a quem conheceu no presídio quando ela visitava um parente preso por envolvimento em um roubo, Daniel resolveu incorporar o sobrenome de sua companheira e retirar o que lhe faz ser reconhecido onde quer que vá. Agora, um dos “irmãos Cravinhos” é Daniel Bento de Paula e Silva. Leia Mais…
Condenado a 39 anos de prisão, Daniel ganhou o direito de cumprir o restante de sua pena no regime aberto. Mas existem algumas condições para isso. Ele tem que arrumar um trabalho no prazo de 60 dias, ir de três em três meses à vara de execuções criminais para falar sobre suas atividades, não mudar de comarca sem autorização e nem de residência sem aviso.
Sua vida social também é regrada: ele deve ficar em casa entre 20h e 6h e não poder ir a bares, casas de jogo e outros locais considerados incompatíveis com o benefício. Sua advogada, Mônica Silva, afirmou à reportagem que ele está em busca de um trabalho, mas não soube informar o que ele tem em mente. Na prisão, Daniel trabalhava como auxiliar de ajudante geral na oficina da Fundação Professor Doutor Manoel Pedro Pimentel (Funap) das 7h às 16h. Graças às atividades no presídio, conseguiu abater dois anos de sua pena.
Daniel não tem diploma universitário. Estudou Direito na Universidade Paulista (UNIP), mas abandonou o curso depois de seis meses. Com habilidades manuais, ele confeccionou as barras de ferro e madeira que foram usadas para espancar Manfred e Marísia até a morte enquanto dormiam. Ele também já foi ligado ao aeromodelismo, atividade que praticou desde os 13 anos e que lhe rendeu títulos de campeonatos paulista, brasileiro e sul-americano. Daniel conheceu Suzane em 1999 por ter sido professor de aeromodelismo do irmão mais novo dela, Andreas, no parque do Ibirapuera. Pouco tempo depois, os dois já estavam namorando. A paixão era tão intensa que Daniel tinha um mural com fotos de sua amada e uma fronha de travesseiro com o rosto dela estampado.
“Ele é uma pessoa muito discreta. Nunca me relatou nada da vida pessoal”, diz a advogada. “Eles querem deixar para trás tudo o que aconteceu.” O irmão Cristian cumpre regime aberto desde agosto de 2017. Suzane também recebeu parecer favorável para cumprir o restante da pena em liberdade. De acordo com a decisão assinada pela juíza Wânia Regina Gonçalves da Cunha, da 2ª Vara das Execuções Criminais de Taubaté, Daniel “não cometeu falta disciplinar recentemente e vinha demonstrando bom comportamento carcerário no regime semiaberto.”
Laudos psiquiátricos, psicológicos e sociais foram favoráveis para que ele pudesse cumprir o restante da pena em casa. Ainda segundo a decisão da Justiça, Daniel “assumiu a responsabilidade criminal, tendo expressado arrependimento.” Ele também teria afirmado ao psiquiatra que tem planos em relação ao futuro. Isso mostra, segundo a decisão, que ele teve um “amadurecimento pessoal.” No relatório psicológico, ele “não apresentou indícios” de que voltará a cometer crimes. No laudo de Daniel também é dito que ele aprendeu e compreendeu melhor sobre suas emoções, tendo mudado seus pensamentos e suas atitudes, “conseguindo canalizar sua agressividade e impulsos de maneira eficiente.”