A INTOLERÂNCIA POLÍTICA: UM OBSTÁCULO À DEMOCRACIA E À AMIZADE

Nos últimos anos, tenho testemunhado um aumento preocupante na polarização política em todo o mundo, e esse fenômeno não é diferente em lugares como Itapetinga. O preocupante é a maneira como essa polarização tem minado as relações pessoais e até mesmo destruído amizades de longa data.

Na chamada esquerda itapetinguense, ou progressistas como alguns preferem ser chamados, essa polarização, agora entre pares, tem sido alarmante e não tem, em nada, se diferenciado das práticas de exclusão e intolerância aos diferentes. Em um cenário onde amigos compartilhavam ideais políticos e militavam juntos por uma mesma causa, as eleições municipais de Itapetinga se tornaram o palco de divisões profundas e inimizades motivadas por escolhas pontuais entre integrantes da esquerda.

O discurso de ódio, alimentado pela intolerância política, tem se infiltrado nas interações sociais chamadas progressistas, transformando diferenças de opinião em motivos para desavenças e até mesmo rompimento de amizades. O respeito e a tolerância, que deveriam ser os pilares das relações humanas, tanto defendido pelos progressistas, têm sido substituídos pela hostilidade e pela recusa em aceitar democraticamente as escolhas individuais.

É importante ressaltar que defender, assumir ou mudar de opinião política, mesmo que pontualmente, não deve ser motivo para encerrar amizades. A diversidade de ideias é fundamental para o funcionamento saudável de uma sociedade democrática. Ao cortar laços de amizade por causa de preferências políticas, estamos comprometendo não apenas as relações pessoais, mas também os princípios básicos da democracia e fazer isso, é sim uma prática antidemocrática que não condiz com os princípios progressistas.

É especialmente irônico que aqueles que se consideram baluartes da democracia e defensores da esquerda em Itapetinga estejam replicando comportamentos que tanto criticaram na direita conservadora. Ao isolar pessoas, antes consideradas camaradas e companheiros, por diferenças de opinião, estão agindo de forma autoritária e anti-democrática. Na prática, estão se assemelhando àquilo que tanto condenaram. Pura hipocrisia. Não há outro adjetivo para tal atitude.

Na década de 1960, o ator e compositor Mário Lago, comunista histórico, dizia que “a esquerda só se une na cadeia”. A frase de Lago nunca foi tão atual. Passados os anos de ditadura, de golpe e tentativas de golpe a frase nunca esteve tão viva: a esquerda livre continua desunida e parece não ter aprendido nada. Fernando Pessoa dizia “tenho em mim todos os sonhos do mundo”. Em meios a exclusões que observo, sou um sonhador e espero que isso, assim como a epidemia “passe logo”. A vacina é ter a compreensão que a diversidade de ideias é uma força e não uma fraqueza. Devemos aprender a conviver com as diferenças, debater de forma civilizada e respeitar as escolhas individuais. Somente assim poderemos construir uma sociedade verdadeiramente democrática e inclusiva, onde as amizades não sejam abaladas por questões políticas passageiras. Aonde você estava há 20 anos? Quem apoiou? Quem defendeu? Com quem trabalhou? Pergunte-se. Faça a autocrítica.

Em um momento de turbulências, é importante lembrarmos que a paz, o respeito e a união são valores fundamentais para a construção de uma sociedade mais harmoniosa e justa.

Ninguém. Ninguém detém o monopólio da verdade absoluta, como nos ensina o filósofo francês Michel Foucault. Ao reconhecermos a falibilidade de nossas próprias convicções e abraçarmos a diversidade de pensamento, abrimos espaço para o diálogo, o entendimento mútuo e, por fim, para a reconciliação.

Que possamos, então, cultivar a empatia, o diálogo respeitoso e a compreensão mútua, mesmo diante de nossas divergências políticas. Somente através da união e do respeito mútuo poderemos superar as barreiras que nos separam e construir um futuro onde a amizade e o entendimento prevaleçam sobre o ódio e a intolerância. Que cada um de nós se comprometa a ser um agente de paz e reconciliação em nossas comunidades, em nossas tribos, fortalecendo os laços que nos unem como seres humanos, independente do lado da rua que estivermos naquele instante.

E pra quem acha que acha que uma opção pontual vai nos desviar dos nossos propósitos, fica o ensinamento do saudoso poeta Thiago de Mello:
“NÃO TENHO UM NOVO CAMINHO A PERCORRER E SIM UM NOVO JEITO DE CAMINHAR.”

Fiquem com Papai do céu e beijos no coração.

Marco Correia
Advogado

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